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domingo, 25 de maio de 2014

Novos lançamentos da Editora Unesp

A Editora Unesp prossegue com seu competente trabalho de disponibilizar para o público interessado traduções bem feitas das obras de Raymond Williams e Tzevetan Todorov, com a publicação de A produção social da escrita e A vida em comum. As duas obras enriquecem nossa literatura e podem contribuir para o entendimento da vida em sociedade e da produção da escrita na História. Para maiores informações, ver: http://www.editoraunesp.com.br/catalogo/9788539305124,producao-social-da-escrita-a; http://www.editoraunesp.com.br/catalogo/9788539305063,vida-em-comum-a

Os princípios gerais da ciência histórica

Finalmente encontra-se em português a tradução do manual de Johann Martin Chladenius, Princípios gerais da ciência histórica: exposição dos elementos básicos para uma nova visão sobre todos os tipos de saberes , no qual são analisadas questões como: evento, exposição, história, teoria, narrativa, circunstâncias e investigação histórica. Publicado originalmente em meados do século XVIII, este manual constitui um marco na historiografia alemã, infelizmente ainda muito pouco conhecida entre nós (a exceção de uns poucos iniciados na questão). Daí a importância da tradução e divulgação de textos seminais como esse em nossa historiografia.

A cultura em ação

Acaba de ser publicada a tradução do livro de Jörn Rüsen, A cultura faz sentido: orientações entre o ontem e o amanhã, no qual o autor demonstra a articulação de sua teoria da história, onde faz uso da compreensão de "matriz disciplinar" (cara a Thomas Kuhn)para demonstrar a peculiaridade dos estudos históricos, quando entendidos como científicos, a sua tipologia sobre "consciência histórica" (onde se encontrariam formas tradicionais, exemplares, críticas e genéticas de se entender o processo passado-presente-futuro), de modo a indicar maneiras para os indivíduos orientarem seu agir no tempo. Nessas relações, a cultura se mostra imprescindível para a compreensão desse processo, porque é nela que se forjam os mecanismos de compreensão do tempo, da história, do direcionamento, da narrativa e da sociabilidade entre as pessoas. De tal modo que a cultura, ou melhor, em seus contínuos processos de produção, que se formam possibilidades de se redirecionar a compreensão da consciência histórica dos indivíduos, e desse modo, repensar o direcionamento de seu agir. Coerente com seus ideais, a tradução deste livro vem complementar o entendimento sobre a obra de Rüsen no Brasil. Para maiores detalhes, ver: http://www.universovozes.com.br/livrariavozes/web/view/DetalheProdutoCommerce.aspx?ProdId=8532647367

quarta-feira, 5 de março de 2014

Weber e os estudos históricos

Em A fascinação weberiana, livro publicado em junho de 2013, Sérgio da Mata nos oferece um texto primoroso sobre a trajetória de Max Weber até a publicação de seu livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, contribuindo para o estudo das origens da obra de Weber, seus debates e problematizações iniciais, leituras e interpretações, revelando-nos seus processos de produção em seu contexto sociocultural. Além disso, o livro também oferece hipóteses interessantes sobre a recepção da obra de Weber no Brasil, identificando algumas das razões que levaram a uma apropriação tão restrita de seus estudos, especialmente, pela ampla recepção que o movimento dos Annales teve entre nós e as críticas que Fernand Braudel fez desde os anos 1930, quando lecionava na USP, sobre a obra de Weber.

O tempo dos historiadores

Foi lançado no final de 2013 o livro O tempo dos historiadores de José d'Assunção Barros pela editora Vozes. O livro apresenta desde uma consistente problematização sobre o conceito de tempo e de tempo histórico, até uma análise panorâmica sobre os debates em torno da questão na história da historiografia e entre historiadores, filósofos e romancistas dos séculos XIX e XX. O texto é voltado para o iniciante, mas pode ser muito proveitoso também para o estudioso.

sábado, 1 de março de 2014

A teoria da história de Karl Marx

No final de 2013 foi lançado o livro "A teoria da história de Karl Marx", de Gerald Cohen, no qual o autor faz uma defesa do materialismo histórico de Marx. O livro foi lançado pela editora da Unicamp e prossegue sua iniciativa bem sucedida de traduzir textos clássicos e recentes sobre o pensamento marxiano e marxista, com vistas a repensar a teoria, os procedimentos e os "dogmas" criados sobre e pelo(s) marxismo(s)ao longo do século passado. Vale ainda como indicação de leitura o texto "Sobre a estrutura lógica do conceito de capital em Karl Marx", também lançado no final de 2013, de autoria de Helmut Reichelt.

O terceiro volume da coleção: "Os historiadores clássicos da história"

No início de 2014 foi lançado o terceiro volume da coleção "Os historiadores clássicos da história", organizado por Maurício Parada. O volume mantém a mesma característica dos anteriores, procurando apresentar as ideias e obras centrais de cada autor selecionado, esmiuçando suas investigações e análises sobre a História e sua escrita. Nesse volume o leitor poderá encontrar análises instigantes sobre as figuras de Paul Ricoeur, Jean-Pierre Vernant, Alfredo Julien, Eric Hobsbawm, Georges Duby, Reinhart Koselleck, Jacques Le Goff, Marc Ferro, François Furet, Hayden White, Pierre Nora, Peter Burke, Carlo Guinzburg, Robert Darnton e Roger Chartier.

O Brasil sendo lido por intermédio da coleção Brasiliana

A iniciativa de Eliana de Freitas Dutra de organizar a coletânea O Brasil em dois tempos: história, pensamento social e tempo presente deve ser muito bem saudada pelos estudiosos e interessados na história do Brasil e na historiografia brasileira. E por várias razões. Primeiro, pela preocupação em mostrar a importância da coleção Brasiliana para a constituição do pensamento social brasileiro e para o entendimento da história do Brasil pelos brasileiros. Segundo, por procurar rastrear o momento histórico em que se deu a iniciativa, quais os textos publicados e quem foram seus autores. Terceiro, por visar inquirir quais os entendimentos que os letrados do período faziam da história, da identidade e da política brasileira. Quarto, pelo cuidado com que mostraram a diversidade de abordagens que se aglutinavam no interior daquela iniciativa editorial, ao longo dos anos 1930 a 1960. E, igualmente, por procurarem relacionar passado e presente, a escrita da história do período com os avanços dos estudos históricos atuais.

Novo título da coleção História e Historiografia

No final de 2013 a editora Autêntica lançou o décimo número da coleção História e Historiografia, em tradução impecável oferecida por René Gertz e com uma cuidadosa revisão técnica efetuada por Sérgio da Mata, do verbete O conceito de História, aqui traduzido na íntegra e que teve em Reinhart Koselleck um de seus principais proponentes para o dicionário Geschichtliche Grundbegriffe, que se tornou uma referência não apenas na Alemanha, onde foi publicado em vários volumes, mas também no restante da Europa e das Américas, onde tem instigado iniciativas similares. Foi igualmente nesta iniciativa pioneira que a história dos conceitos passava a enveredar consistentemente para o campo da pesquisa histórica. Seguindo a premissa de traçar o surgimento e o desenvolvimento do conceito de História desde a Antiguidade Clássica, Koselleck e os outros autores do verbete, nos levam a uma viagem instigante sobre os domínios da história, seus debates e definições, procedimentos e periodizações.

Arte e política na História

Em fevereiro de 2014 a Companhia das Letras lançou dois livros instigantes para se pensar a arte e a política na História. O primeiro de Carlo Ginzburg, Medo, reverência, terror: quatro ensaios de iconografia política, demonstra como representações artísticas e imaginário político se mesclam na História, definindo no limite nossos modos de agir e pensar a sociedade e o mundo. Enquanto o segundo de Tzvetan Todorov, Goya à sombra das Luzes, indica-nos como a trajetória de Goya pode iluminar melhor o conhecimento que temos sobre a Ilustração, a democracia e a sociedade. Os dois textos são muito sugestivos para pensarmos a sociedade e os homens nesse início de século XXI.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Nova história em perspectiva, volume 2

Em outubro/13 estará disponível o volume dois da antologia organizada por Rogerio Forastieri da Silva e Fernando Novais sobre a nova história. O livro, Nova história em perspectiva (v.2), sai pela mesma editora e conta com 21 textos que fazem balanços sobre o movimento - com parte deles ainda inéditos em português. Interessante notar que esse volume de balanços e críticas está ainda mais alentado que o primeiro (que saiu com mais de 500 páginas) e conta com mais de 700 páginas. Além desse título também estará disponível em outubro pela Cosac Naify o terceiro volume de O pensamento alemão no século XX.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A vingança dos acontecimentos sobre a história estrutural?

O novo livro de François Dosse traduzido pela editora Unesp, Renascimento do acontecimento, poderia ser sintetizado como "a vingança dos acontecimentos sobre a história estrutural", ou mais precisamente, o retorno implacável dos indivíduos, que com suas ações também moldam inevitavelmente as estruturas. Nesse aspecto, não temos simplesmente a ida para um outro extremo, isto é, se antes prevaleciam as análises estruturais que congelavam as dinâmicas humanas e sociais no tempo, ter-se-ia simplesmente passado para a ação dos indivíduos impregnadas entre os acontecimentos e que viriam a moldar todas as estruturas socioculturais da sociedade. Muito mais preocupado em averiguar a história da historiografia e os altos e baixos da história dos acontecimentos e de seu uso na interpretação dos historiadores, Dosse nos mostra como o acontecimento ressurge como paradigma digno de estudo na história contemporânea e na prática de pesquisa dos historiadores. Nesse ponto, sua meta é mostrar as tensões entre acontecimento e estrutura, homens e sociedade, curta e longa duração, mudança e permanência no tempo. Referência: DOSSE, F. Renascimento do acontecimento. SP: Editora UNESP, 2013.

As origens do Brasil

Em Espada, cobiça e fé, publicado em meados de 2012 pela Civilização Brasileira, Francisco Weffort sintetiza as origens do Brasil, por meio da análise destas três palavras. Evidentemente, o cunho privado e aventureiro do processo de colonização da América Portuguesa transparece plenamente, ao autor evocar a análise do uso intenso da força simbolizada pela "espada", em função da "cobiça" pessoal dos colonizadores, e que obviamente era permeada pela "fé" atribuída aos fiéis e sob os resguardos dos párocos que para cá vieram ao longo dos séculos XVI e XVIII. Semelhante aos "grandes" ensaios de interpretação da sociedade brasileira publicados nos anos 1930, o livro de Weffort traz toda força analítica e ousadia interpretativa que esse tipo de texto permite, mas ao fim da leitura o leitor curioso poderia se perguntar: em que medida não se estaria entre o atual e o inatual ao se evocar esse tipo de estratégia discursiva para inquirir e analisar a história da sociedade brasileira? Referência: WEFFORT, F. Espada, cobiça e fé: as origens do Brasil. RJ: Civilização Brasileira, 2012.

A história como ofício

Foi publicado no mês passado pela editora FGV A História como ofício: a constituição de um campo disciplinar, novo livro de Marieta de Moraes Ferreira, no qual nos apresenta uma história dos cursos de Geografia e História do estado do Rio de Janeiro, entre os anos de 1930 e 1960, tendo por base os cursos da Universidade do Distrito Federal (extinta no início de 1939) e da Universidade do Brasil (atual UFRJ). O livro está dividido em três partes. Na primeira a autora analisa a estrutura organizacional dos cursos e suas mudanças curriculares, apontando as aproximações e as diferenças entre o projeto da UDF e da FNFi da UB. Na segunda parte aborda a importância das missões francesas para os cursos do Rio de Janeiro e estuda as trajetórias de Henri Hauser, Delgado de Carvalho e Luiz Camillo. E na terceira a autora nos brinda com 14 entrevistas que foi fazendo ao longo da pesquisa, onde comparecem: Vicente Tapajós, Borges Hermida, Erenildo Viana, Maria Yedda Linhares, Eulália Lobo, Cybelle de Ipanema, Francisco Falcon, Miridan Britto Falci, Clóvis Dottori, Neyde Theml, Pedro Celso Uchoa Cavalcanti, Ilmar Rohloff de Mattos, Arno Wehling e Nara Saletto. De mais a mais, a pesquisa ganha ao ser lida junto com o livro Os caminhos (da escrita) da história e os descaminhos de seu ensino, publicado pela Editora Appris em 2012, por tratar-se de uma análise do curso de Geografia e História da FFCL/USP entre os anos 1930 e 1960. Em ambos os casos, apresenta-se um pouco da história de nossos cursos universitários de Geografia e História no momento em que a História estava se constituindo como ofício, isto é, como um campo disciplinar autônomo em nosso país, o que nos permite verificar como foram formadas as primeiras gerações de licenciados e de bacharéis, e como passou a ser o trabalho dos historiadores profissionais no Brasil. Referências: FERREIRA, M. M. A História como ofício: a constituição de um campo disciplinar. RJ: FGV, 2013. ROIZ, D. S. Os caminhos (da escrita) da história e os descaminhos de seu ensino. Curitiba/PR: Appris, 2012.

A constituição da História como ciência entre os séculos XIX e XX

Acaba de sair pela editora Vozes o livro A constituição da História como ciência: de Ranke a Braudel, organizado por Julio Bentivoglio e Marcos Antonio Lopes. No volume são apresentados dez historiadores que marcaram o processo de constituição e consolidação dos estudos históricos modernos. São eles: Leopold von Ranke, Jules Michelet, Jacob Burckhardt, Henri Pirenne, Benedetto Croce, Johan Huizinga, Lucien Febvre, Marc Bloch, Arnold Toynbee e Fernand Braudel. Os textos tem um perfil didático ao apresentar autor e obra, principais conceitos utilizados, temas recorrentes na produção de cada autor e sua contribuição para a constituição da História como ciência no Ocidente entre os séculos XIX e XX. Referência: BENTIVOGLIO, J.; LOPES, M. A. (org.) A constituição da História como ciência: de Ranke a Braudel. RJ: Vozes, 2013.

Tempos Fraturados

Tempos fraturados: cultura e sociedade no século XX, foi o último livro de Eric Hobsbawm, acabado poucos meses antes dele falecer em 2012. Sua publicação pela companhia das letras no mês passado é uma ótima oportunidade para pensarmos o itinerário de um dos maiores historiadores do século XX, ao lado de Lucien Febvre, Marc Bloch, Fernand Braudel, E. P. Thompson, e outros. Mantendo, como sempre, sua coerência metodológica, sua postura política e sua análise lúcida do passado e do presente, o autor nos brinda com 22 ensaios para pensarmos a cultura e a sociedade do século passado. Historiador do período contemporâneo, Hobsbawm soube explorar questões como o trabalhismo, a cultura, a invenção das tradições, o pensamento marxista, a história do capitalismo e suas ações perante as pessoas comuns, com sensibilidade e ousadia, em obras que marcaram profundamente nosso entendimento das sociedades do passado e do presente, e ainda nos instigando a pensar o século XXI. E seu último livro não deixa de trazer essas questões ao pensar a cultura erudita, a cultura burguesa e a ação dos judeus, ciência e religião, bem como o artista e o caubói norte-americano (como uma tradição inventada). Referência: HOBSBAWM, E. J. Tempos fraturados: cultura e sociedade no século XX. SP: Cia das Letras, 2013.