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quarta-feira, 25 de abril de 2012

A obra de François Dosse no Brasil

Depois de um período relativamente considerável a obra de François Dosse começa a ser traduzida com maior regularidade no Brasil. Após a publicação de A história em migalhas em 1992 e de História do estruturalismo, em 1993, o primeiro volume, e no ano seguinte o segundo, pela Editora Ensaio, a Edusc relançou o primeiro em 2003, na edição revista e ampliada pelo autor, e em 2007 o segundo. Na sequência foram publicadas as traduções de: A história (2003); O império dos sentidos (2003) e História e Ciências Sociais (2004). Já em 2001 a Editora Unesp lançava A história a prova do tempo; em 2009 a Edusc lançou O desafio biográfico e em 2010 a Artmed lançou Gilles Deleuze e Felix Guatarri: biografia cruzada. Muito embora o avanço na tradução da obra deste autor seja visível nos últimos anos, não contamos com traduções das obras: Pierre Nora: homo historicus (2011); Historiographies - concepts et debats (2010, em 2 volumes, organizados por Dosse e Delacloix); Historicites (2009, organizada por Dosse, Delacloix e Garcia); Paul Ricoeur - les sens d'une vie (2008); Paul Ricoeur et les Sciences humaines (2007); Michel de Certeau - le marcheur blesse (2007); La marche des idees (2003); L'instant eclate (1994), dentre outros. Assim, ao se comemorar o maior dinamismo do mercado editorial em relação a este autor (e a outros autores estrangeiros), é preciso chamar a atenção para a necessidade de tradução de toda a obra, de preferência seguindo minimamente a sua produção em ordem cronológica, visto que especialmente para os iniciantes na área, o resultado de traduções que não seguem tal ordem, resulta num entendimento totalmente inadequado das ideias do autor, como foram sendo desenvolvidas, ampliadas e até alteradas ao longo do tempo...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Demografia histórica e história da historiografia

Há um crescimento significativo nos estudos demográficos, especialmente, sobre história da família na Europa, e, particularmente, na França. Contudo, essa perspectiva não tem sido seguida igualmente pelos estudos brasileiros, cujo norte sobre as questões culturais tem feito decair as análises demográficas sobre a história de nossa população. Como tem demonstrado os trabalhos publicados no Institut Nacional d'études démographiques (o INED), em Paris, França, é possível pensar articuladamente a dinâmica populacional com as questões políticas e econômicas e as relações culturais. Nesse aspecto, os vários trabalhos lançados pelo Instituto, em suas coleções, além de indicarem tal questão, tem proporcionado contribuições significativas para o estudo da história das populações. Tome-se o exemplo trazido com o trabalho de Alain Bideau e Sérgio Odilon Nadalin, que em Une communauté Allemande au Brésil: de l'immigration aux contacts culturels XIX-XX siècle, lançado no final de 2011, e cujos resultados são de pesquisa elaborada ao longo de três décadas, demonstra a dinâmica populacional de uma comunidade teuto-brasileira, desde o momento em que é fundada em Curitiba (estado do Paraná, no Brasil) em 1866, até meados dos anos 1970, quando houve uma significativa alteração nas relações do grupo, quanto aos seus índices de casamento, idade média dos noivos, número médio de filhos do casal, entre outras questões fundamentais, indicando-nos como análises econômico-sociais podem muito bem serem articuladas aos estudos culturais. Para chegarem a essas conclusões os autores efetuaram estudo pormenorizado das fontes censitárias da paróquia, como os registros de casamento e nascimento. Além disso, com base nos conceitos de coortes, ciclo vital, gerações e mutações, e pautando-se nos procedimentos metodológicos de Fernand Braudel, ao darem atenção sobre as temporalidades curta, média e longa, estes nos brindam também com um estudo muito bem fundamentado, que pode servir de base comparativa e metodológica para o empreendimento de outros estudos, especialmente, o de paróquias originadas pelos fluxos migratórios do final do século XIX. A referência completa do livro segue abaixo:

BIDEAU, A.; NADALIN, S. O. Une communauté Allemande au Brésil: de l'immigration aux contacts culturels XIX-XX siècle. Paris: Ined éditions, 2011.   



O único ponto a lamentar é a dificuldade de aquisição das obras, que não se encontram cadastradas em nenhum site das grandes livrarias, como a Cultura ou a Saraiva... 
   

segunda-feira, 23 de abril de 2012

História dos conceitos e historiografia

Acaba de ser publicado pela Editora Trotta, a tradução de outro livro de Reinhart Koselleck: Historias de conceptos: estudios sobre semantica y pragmatica del linguaje. O livro reune algumas das contribuições do autor, que com  Werner Conze (1910-1986) e Otto Brunner (1898-1982), elaboraram um dicionário de Conceitos Históricos Fundamentais. Léxico Histórico da Língua Política e Social na Alemanha (que, aliás, ainda não foi traduzido para o português), cobrindo, especialmente, o período de 1750 a 1850, no qual Koselleck dirá que será o momento em que se formaram as principais mudanças léxicas e conceituais que darão forma à modernidade. Além disso, o livro também reune outros textos dispersos, anteriormente publicados em revistas especializadas ou como capítulos de livros. A referência completa segue abaixo:

KOSELLECK, R. Historias de conceptos: estudios sobre semantica y pragmatica del linguaje. Madri: Trotta, 2012.

As trocas culturais no limiar do período moderno

Acaba de ser publicado o sétimo número da coleção História e historiografia da Editora Autêntica, de autoria de Serge Gruzinski: Que horas são... lá, no outro lado? América e Islã no limiar da época moderna. Que, aliás, aprofunda e prolonga as análises de seus últimos livros, especialmente: A passagem do século, 1480-1520, e Las cuatro partes del mundo (publicado em fins de 2010 pela Fondo). A referência completa do livro segue abaixo:

GRUZINSKI, S. Que horas são... lá, no outro lado? América e Islã no limiar da época moderna. Belo Horizonte/MG: Autêntica, 2012.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

OS CAMINHOS (DA ESCRITA) DA HISTÓRIA E OS DESCAMINHOS DE SEU ENSINO

Já se encontra em pré-lançamento, com previsão para estar impresso em maio, o livro: "OS CAMINHOS (DA ESCRITA) DA HISTÓRIA E OS DESCAMINHOS DE SEU ENSINO: a institucionalização do ensino universitário de História na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1934-1968)", de Diogo da Silva Roiz, publicado pela Editora Appris. Segue abaixo resumo e índice do livro para o(a) leitor(a) interessado:

“Debruçar-se sobre o próprio ofício constitui um exercício exigente e por vezes árduo quando feito pelos historiadores e Diogo Roiz tem todos os méritos por ter construído há tempos uma trajetória significativa nessa direção. Com este trabalho sobre a trajetória da escrita da História e do seu ensino na (atual) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), o leitor é guiado em um percurso historiográfico de grande relevância e rica contribuição para a compreensão do regime de cátedras vigente na instituição entre 1934 e 1968”. (Teresa Maria Malatian, do Prólogo)

“A dissertação de mestrado de Diogo Roiz ampliada e revista, e agora publicada em livro [...] oferece uma contribuição de grande valia para esse debate. Focada no estudo do curso de Geografia e História na USP (e que, depois de 1955, se tornariam independentes), o trabalho apresenta uma reflexão interessante sobre a criação e o desenvolvimento do curso de História, especialmente, por meio da trajetória de seus professores e suas respectivas disciplinas”. (Marieta de Moraes Ferreira, da Apresentação)

“Diogo da Silva Roiz escreveu o presente livro a partir de sua Dissertação de Mestrado [...]. O tema proposto para a Dissertação, e que se ampliou consideravelmente no presente livro, é muito difícil, seja pela exiguidade de estudos sobre o tema, que àquela época se mostrava, e ainda hoje, se mostra plenamente, seja pela complexidade dos temas e subtemas que perpassam o universo da história do ensino superior de História, no Brasil e no mundo. [...] Recomendo a todos os interessados (que somos todos nós, afinal) a leitura atenta deste livro escrito por Diogo da Silva Roiz. Certamente encontrarão muitas respostas e respostas importantes a essa e a outras questões”. (Ivan Aparecido Manoel, do Prefácio).

"O leitor(a) encontrará neste livro um estudo pormenorizado do primeiro curso de Geografia e História, fundado em 1934, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL/USP), que seguiu aproximadamente aos preceitos do decreto de 1931, emitido por Francisco Campos, então Ministro da Educação e Saúde Pública. Nele, estuda-se desde a definição de um conjunto de regras que tornaram seu funcionamento minimamente operacional; seguindo-se de uma análise das transformações curriculares, do momento em que os cursos tiveram um funcionamento unificado, até o período em que vieram a se tornar independentes, em meados dos anos 1950; vindo a se debruçar sobre qual o tipo de ensino e pesquisa que então se ministrava no curso, para formar as primeiras gerações de historiadores e geógrafos profissionais no país, assim como de licenciados. Após ser efetuada esta interpretação, procura-se averiguar como alguns dos profissionais do curso vislumbraram a transição do autodidatismo para a profissionalização do trabalho intelectual de história, detendo-se nas trajetórias de Alfredo Ellis Júnior, Sérgio Buarque de Holanda e Eduardo d’Oliveira França, com o intuito de perscrutar quais caminhos propuseram para a escrita da história das civilizações em geral, e da civilização brasileira em particular. Ao mesmo tempo em que traça o panorama do funcionamento do curso, quanto dos fundamentos e tensões na escrita da história, praticados durante o período de vigência do regime de cátedras (entre 1934 e 1968), a pesquisa não deixa de lado indicar como nesse processo, as mulheres tentaram se inserir num mercado de trabalho, ainda fechado e contrário a sua presença, de tal modo que na própria universidade as escrituras da história então compostas as viam, quando muito, como uma pequena sombra a projetar as ações dos (“grandes” e “pequenos”) homens. Evidentemente, o próprio contexto contribuiria com essas escolhas, e as exclusões que se faziam no passado, também se reproduziam naquele presente histórico, de modo a perpetuar um tipo específico de divisão dos papéis masculinos e femininos na sociedade" (Da Introdução).

O livro está assim dividido:

Sumário:
Prólogo (Teresa Maria Malatian)
Apresentação (Marieta de Moraes Ferreira)
Prefácio (Ivan Aparecido Manoel)
Introdução e agradecimentos

Parte. 1: A estrutura curricular do curso de Geografia e História da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo entre 1934 e 1956

Capítulo – 1: Estrutura e funcionamento do regime de cátedras
Capítulo – 2: As transformações na estrutura curricular
Capítulo – 3:Características e dimensões do ensino e da pesquisa

Parte. 2: Escrita da história, civilizações e atores sociais

Capítulo – 4: Entre o ‘autodidatismo’ e a profissionalização do trabalho intelectual de História: o caso Alfredo Ellis Júnior (1938-1956)
Capítulo – 5: Sérgio Buarque de Holanda e a escrita de uma História da Civilização Brasileira (1956-1968)
Capítulo – 6: Eduardo D’Oliveira França e a escrita de uma História das Civilizações (1942-1968)

Epílogo
Apêndices
Fontes e Referências Bibliográficas

Para maiores informações ver:http://www.editoraappris.com.br/produto/3859006/Os-Caminhos-Da-Escrita-da-Historia-e-os-Descaminhos-de-Seu-Ensino

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Mais títulos interessantes publicados pela É Realizações

A Editora É Realizações segue publicando títulos fundamentais em filosofia, filosofia da história, história intelectual e historiografia. Entre os títulos que foram recentemente editados, destacam-se:

CARVALHO, T. Fé e razão na renascença: uma introdução ao conceito de Deus na obra filosófica de Marsílio Ficino. São Paulo: É Realizações, 2012.

DAWSON, C. Dinâmicas da história do mundo. São Paulo: É Realizações, 2010.

ELIOT, T. S. Notas para a definição de cultura. São Paulo: É Realizações, 2012.

HIMMELFARB, G. Os caminhos para a modernidade: os Iluminismos Britânico, Francês e Americano.São Paulo: É Realizações, 2011.

KEELEY, L. H. A guerra antes da civilização: o mito do bom selvagem. São Paulo: É Realizações, 2011.

KIRK, R. A era de T. S. Eliot: a imaginação moral do século XX. São Paulo: É Realizações, 2011.

SOWELL, T. Os intelectuais e a sociedade. São Paulo: É Realizações, 2011.

______. Conflito de visões: origens ideológicas das lutas políticas. São Paulo: É Realizações, 2012.

Vale a pena conferir...

Novos títulos em teoria e história da historiografia

Acaba de sair do forno mais três títulos interessantes em teoria e história da historiografia publicados pela Editora da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. As obras discutem desde a gênese da micro-história italiana, em comparação com abordagens similares praticadas na América Latina, mas cujo enfoque o autor do livro, Aguirre Rojas, procurará esmiuçar, ao demonstrar as peculiaridades de cada uma. Também há estudos de epistemologia da história bastante promissores no livro organizado por Gabriel Giannattasio e Rogério Ivano. E, por fim, um estudo dedicado ao imaginário da realeza feito por Marcos Antônio Lopes. As referências completas seguem abaixo:

AGUIRRE ROJAS, C. A. Micro-história italiana: modos de uso. Tradução de Jurandir Malerba. Londrina/PR: Editora da UEL, 2012.

GIANNTTASIO, G.; IVANO, R. (org.) Epistemologias da História: verdade, linguagem, realidade, interpretação e sentido na pós-modernidade. Londrina/PR: Editora da UEL, 2011.

LOPES, M. A. O imaginário da realeza: cultura política ao tempo do absolutismo. Londrina/PR: Editora da UEL, 2012.

Vale a pena conferir...